quinta-feira, 28 de maio de 2015

Determinantes Sociais de Saúde (DSS) e a qualidade de vida


O post de hoje visa abordar a relação entre os determinantes sociais de saúde (DSS) e o bem estar dos indivíduos, este conhecimento não é aplicado somente à temática principal do blog - caminhoneiros -   mas a todas as profissões que nos cercam.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (1997) o bem-estar está relacionado à percepção de um indivíduo sobre a sua posição na vida no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.  Em 2008, a publicação do relatório final da Comissão Global da OMS sobre os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) estabeleceu o perfil dos DSS e destacou a importância de abordar as condições da vida cotidiana que levam a desigualdades na saúde. Os determinantes sociais da saúde têm sido descritos como ‘as causas das causas’. São as condições sociais, econômicas e ambientais que influenciam a saúde dos indivíduos e populações, e que repercutem em seu bem-estar como um todo.

Segundo o relatório, a estratificação social, por exemplo, determina o acesso e uso diferenciado de cuidados em saúde, condição que gera consequências (desiguais) para a promoção de saúde e bem-estar. A garantia de fornecimento de bens e serviços vitais à saúde, tais como provisão de água de qualidade, rede de esgoto, e condições adequadas de trabalho, bem como o controle da oferta de tabaco e álcool, também interferem no bem-estar.

Atualmente há um grande interesse acadêmico sobre o conceito de bem-estar, porém existem muitas controvérsias conceituais, inclusive em relação aos instrumentos de medida.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (1997) o bem-estar está relacionado à percepção de um indivíduo sobre a sua posição na vida no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito amplo que afetada de uma forma complexa a saúde física e o estado psicológico da pessoa, suas crenças pessoais, os relacionamentos sociais e tem uma forte relação com o ambiente.

De acordo com artigo publicado no International Journal of Wellbeing, para que alguém alcance uma condição de bem-estar é preciso que possua recursos psicológicos, sociais e físicos para enfrentar um desafio psicológico, social e/ou físico em particular. Na verdade, é como estar em uma gangorra em busca constante por equilíbrio, numa espécie de dinâmica onde o movimento envolve recursos e desafios.

Deste modo, é possível simplificar dizendo que os níveis de bem-estar pioram, principalmente, quando os indivíduos têm mais desafios do que os recursos.

Em termos dos determinantes sociais do bem-estar e da saúde, é vital que esse equilíbrio seja mantido, não só através da inclusão social, mas também pela exposição do indivíduo a condições sociais menos desiguais, onde possa dispor de recursos, inclusive políticos (além dos materiais e psicossociais) a fim de construir e manter uma base de apoio sólida que sustente essa condição dinâmica de busca pelo bem-estar.

Com a finalidade de mostrar algumas das diferentes faces do ‘bem-estar’ e sua relação com os DSS, iniciamos hoje uma das postagens relacionadas a esta temática. Porém nosso intuito é abordar ainda mais a influência dos DSS, as questões relativas ao conceito bem-estar e como o mesmo pode se aplicar na vida dos caminhoneiros, a exemplo disso como a solidão interfere no bem-estar, nos próximos posts traremos mais correlações sobre o assunto.

Referências Bibliográficas


CDSS-Comissão para os Determinantes Sociais da Saúde. Redução das desigualdades no período de uma geração, Igualdade na saúde através da acção sobre os seus determinates sociais. Relatório Final da Comissão para os Determinantes Sociais da Saúde. Portugal: Organização Mundial de Saúde; 2010.
CSDH. Closing the gap in a generation: health equity through action on the social determinants of health. Final Report of the Commission on Social Determinants of Health. Geneva: World Health Organization; 2008 [acesso em 27 maio 2015]. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/publications/2008/9789241563703_eng.pdf?ua=1
Dodge R, Daly A, Huyton J, & Sanders L. The challenge of defining wellbeing. International Journal of Wellbeing. 2012 [acesso em 27 maio 2015];2(3):222-35. Disponível em: http://www.internationaljournalofwellbeing.org/index.php/ijow/article/viewFile/89/238?origin=publication_detail
Seymour M. Understanding and tackling the wider social determinants of health. London: Local Government Association; 2010 Nov 03 [acesso em 27 maio 2015]. Disponível em: http://www.local.gov.uk/health/-/journal_content/56/10180/3511260/ARTICLE
World Health Organization. WHOQOL Measuring Quality of Life. Geneva: World Health Organization; 1997.

Citação Bibliográfica

Lamarca G, Vettore M. Os Determinantes Sociais da Saúde e o bem-estar. Rio de Janeiro: DSS Brasil; 2015 Maio 14. Disponível em: http://dssbr.org/site/2015/05/os-determinantes-sociais-da-saude-e-o-bem-estar/

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A influência da baixa escolaridade e a vulnerabilidade social na vida dos caminhoneiros



O intuito do post de hoje é compartilhar com vocês uma pesquisa que realizamos -mediante revisão bibliográfica - referente aos aspectos que influenciam na vulnerabilidade social na vida dos caminhoneiros.
Os motoristas de caminhões são considerados profissionais importantes no desenvolvimento econômico, político e social para o progresso do país, visto que é um dos principais meios de locomover as riquezas produzidas no Brasil. A realização desta pesquisa proporcionou o conhecimento das questões de vulnerabilidade voltadas a estilo de vida, à sexualidade, doenças transmissíveis e drogas entre os caminhoneiros. Neste contexto têm-se como principais problemas o desconhecimento do risco a que estão submetidos em relação à não adesão de medidas de prevenção para DST /Aids; ao consumo de drogas devido ao curto prazo de entrega das mercadorias e a distância do percurso de entrega; o longo período fora de casa ocasiona solidão, aumentando o comportamento de risco.
É válido salientarmos que os dados sociodemográficos obtidos na presente pesquisa não diferiram de outros estudos. A maio­ria dos caminhoneiros pertence ao sexo masculino, são casados, possuem baixa escolaridade e conhecem os meios de prevenção para não contrair o HIV, porém o uso do preservativo durante as relações sexuais não é comum (BRASIL, apud NASCIMENTO, 2003).
A baixa escolaridade, juntamente com a grande mobilidade geográfica dos caminhoneiros, pode servir como disseminadores de doenças infecciosas, princi­palmente aquelas transmitidas sexualmente, visto que a baixa escolaridade é proporcional ao nível de conhe­cimentos sobre prevenção de DST/AIDS (TELES et al.,2008).
O presente post teve como propósito principal à identificação dos agravos de saúde e qualidade de vida mais comuns nos motoristas de caminhão – ocasionados na maioria das vezes pela baixa escolaridade e conhecimento acerca dos assuntos como as DST’s/HIV/Aids, sobre o uso de drogas, e quais os motivos que os levam a buscar relacionamentos sexuais e drogas durante as viagens de trabalho.
A partir da revisão bibliográfica da pesquisa preliminar, pode-se chegar à conclusão que além do grupo ser formado na sua maioria por homens, constituindo uma sociedade machista, eles passam muitos dias fora de seu ambiente familiar, tornando-os vulneráveis a procurarem sexo ocasional.
O envolvimento em relações sexuais no período de trabalho é constante entre esta categoria de trabalhadores. Segundo Batista e Persch (2008), os mesmos utilizam o preservativo como método de prevenção em relações ocasionais, porém fica explícito o não uso com suas parceiras fixas, que usam o “conhecer” da parceria como justificativa, no entanto usam como método anticontraceptivo. 
Por meio dessa reflexão, pode-se afirmar que há um conhecimento dos caminhoneiros sobre as infecções que os mesmos podem adquirir por meio de relacionamentos esporádicos, porém, mesmo assim, acabam se envolvendo com profissionais do sexo a fim de procurar companhia e acabar com a solidão ocasionada por longos períodos na estrada.
Dadas as exigências do mercado de trabalho, cada vez mais crescentes, aumenta-se a jornada de trabalho, favorecendo o uso de drogas psicoativas para aliviar a ansiedade e o sono, fazendo com que os motoristas consigam realizar as entregas de curto prazo, não levando em consideração os cuidados com a qualidade de vida, aumentando assim o estresse e vulnerabilidade individual, social e coletiva entre essa categoria.
Por meio das análises dos autores estudados, identifica-se a anfetamina e o álcool como principais drogas usadas entre os caminhoneiros de estrada. Acarretando danos à sua saúde, como a hipertensão e a diabetes, pois passam por privação de sono, má alimentação, sedentarismo entre outros fatores negativos inclusive a dificuldade de acesso aos centros de saúde. 
Ante o exposto, foi possível concluir que, os caminhoneiros são de extrema relevância para a sociedade em geral, portanto, faz-se necessário uma maior atenção voltada a esta classe a fim de aprimorar a qualidade de vida desses profissionais, e promover à eles um acesso mais palpável e cabível as suas condições de trabalho a formas de conhecimento acerca dos fatores que alteram a qualidade de vida e a saúde dos mesmos e dos seus familiares.
Sugere-se uma mobilização de profissionais presentes no dia a dia dos caminhoneiros, bem como psicólogos que possam atuar em prol desta profissão – em postos de gasolina com salas de atendimento multiprofissional voltados a esta classe - e contribuir para a educação em saúde, promovendo e disseminando  a compreensão das informação sobre as patologias que constantemente afetam  esta classe de trabalhadores.


  Referências:

 BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Vírais. Dados do Brasil 2010 Disponível em: <www.aids.gov.br/sites/default/files/publicacao/2010/folder_aids_2010_pdf_55624.pdf> Acesso em: 27 de maio de 2015.
BATISTA, Elizeth Souza & PERSCH, Fabiane Cristina. Caracterização sócioeconômica e cultural de caminhoneiros de estradas freqüentadores do Auto Posto Machadão em Cacoal-RO. Cacoal, RO. Trabalho de Conclusão de Curso; FACIMED, 2008, 15p.
TELES, A. S. et al. Comportamentos de risco para doenças sexualmente transmissíveis em caminhoneiros no Brasil. Rev Panam Salud Publica, v. 24, n. 1, p. 25-30, 2008.

 

 

 


 

 


 

 

domingo, 24 de maio de 2015

Entrevista com caminhoneiro x Psicologia Organizacional e do Trabalho

Hoje iremos compartilhar com vocês uma entrevista realizada com um profissional Caminhoneiro. Tal atividade foi proposta para a matéria de Psicologia Organizacional e do Trabalho, visando agregar de forma significativa um olhar mais abrangente acerca desta prática profissional.
Referente ao seu perfil, cabe destacar que M, sexo masculino, tem 44 anos, é divorciado e possui segundo grau incompleto. É autônomo, seu tipo de caminhão é carreta (veículo articulado – container) e percorre a rota Inter Estadual. Possui como dependente um filho de 12 anos de idade.
Em relação ao tipo de carga, afirma que devido a trabalhar no segmento de container (unidade de transporte) ao qual é acoplado no reboque da carreta, é possível a transportar diversos tipos de cargas, desde frigorífica para transporte de alimentos perecíveis à cargas secas como carros. O entrevistado enfatizou que também já transportou mercadorias como carvão mineral, pois segundo o mesmo tudo pode ser carregado em container e posteriormente ser transportado por navio.
No que tange as perguntas realizadas a M., o mesmo foi acessível e buscou esclarecer todas as questões realizadas. Vamos apresenta-las seguindo a ordem da entrevista e posteriormente nossa análise sobre elas.
1) Em média, qual é o tempo de duração das rotas, ou seja, média horas/dias viajando?
Segundo o entrevistado o tempo é muito relativo dependendo do destino(distância), estrada(topografia) o agravante maior sempre é o trânsito, segundo (M) o mesmo realiza uma média de 10 horas de viagem para São Paulo onde percorre uma distância de 600km se não houver problemas de acidentes ou obras. 
2) Na maioria das vezes, como você consegue o frete?
Segundo M o mesmo consegue frete na maioria das vezes através de transportadoras.
3) Como a sua família se posiciona em relação a sua profissão?
Segundo entrevistado de modo geral sua família deseja que o mesmo mude de profissão.
4) Costuma passar quantos dias (média) em casa entre as viagens?
M nos declarou que quando a carga está boa, o mesmo chega de manhã e já sai no período da tarde, passando a noite nas estradas, nos postos e hotéis. A cada 15 dias passa o final de semana com o filho.
5) Como ocorreu a escolha por essa profissão, o (s) motivo(s) para permanecer na profissão?
Segundo M a escolha ocorreu por vontade própria, por admirar muitos familiares que seguem a mesma profissão e a permanência se dá devido a renda, o entrevistado considera que com pouco estudo em outra profissão não teria ganhos relativamente grandes.
6) Como avalia as condições (riscos) dessa profissão?
M considera as condições perigosas pois trafega com um veículo com mais de 40 toneladas na maioria das vezes, e isso em rodovias obsoletas mal projetadas e mal conservadas. As pedagiadas e principalmente as que estão sobre a tutela do governo estão neste estado, outro fator é a violência, o entrevistado nos relatou: “Somos assaltados a mão armada em pátio de posto, sinal de trânsito para roubar o veículo e a carga ou quando somos apedrejados no para-brisa de noite em viadutos e passarelas para provocar acidentes e saquear a carga e roubar os pertences do motorista”.
7) Qual é a sua opinião sobre a nova lei do descanso (Lei nº 12.619/12)
Relato de M em relação ao questionamento da nova lei do descanso:
“Criar a lei e assinar uma folha de papel é muito fácil, só que os políticos esquecem que precisa de uma estrutura para que ela seja cumprida, não temos em nenhuma base do pedágio um estacionamento para descanso de caminhões, ai perguntam e os postos de combustíveis? aonde tem muito trafego os postos às 18 horas começam a isolar o pátio com fitas zebradas e só da pernoite para o cliente que abastece, pois não são instituição de caridade, e deve ter distinção entre autônomo e empregado mediante horas de descanso”.
8) Teve alguma doença em decorrência desse trabalho?
O entrevistado relatou ter problemas na coluna e no nervo ciático. Devido ao exercício da profissão de motorista de caminhão.
SUGESTÕES DO ENTREVISTADO
v  Relatos de M:
“Por incrível que pareça o que mais nos atrapalhou foi o chamado pró caminhoneiro, que si tire este nome pois eu não conheço nem um autônomo que adquiriu um caminhão por este financiamento. Transportadoras que não tinha capacidade de comprar um caminhão hoje tem dois, cinco até mais e pior não houve renovação de frota e sim acumulo, os caminhões velhos negociados por empresas grandes não poderiam ser colocados de novo nas estradas (estes caminhões são os que sobram para os autônomos adquirir com juros absurdo de bancos) ai temos uma frota sucateada”.
“DIESEL e o refugo do refino do petróleo, e um combustível barato mais temos nos teles jornais a explicação para ele estar tão caro mediante os políticos e empreiteiros imundos e corruptos, a população só penca em gasolina mais óleo DIESEL incide sobre o valor de tudo pois tudo e transportado e muitos equipamentos são movidos por ele não só caminhão como tratores, ônibus, trens, barcos de pesca, grupo geradores, termoelétricas e etc”.
“Deveria ter tabela de frete com valor mínimo fixado por km rodado, pois taxi e ônibus tem e não é inconstitucional, sem isto o transporte continua “terra de ninguém” aonde quem pode mais chora menos. O perdão pelo desabafo...”
Em relação a nossa análise diante dos dados coletados, é possível destacar que que Segundo Masson (2010) no artigo Estilo de vida, aspectos de saúde e     trabalho de motoristas de caminhão, em muitos outros estudos o perfil do motorista de caminhão é semelhante, sendo a categoria profissional constituída basicamente pelo gênero masculino, homens que têm uma família constituída e, em geral, sustentam a família. Essa profissão, que garante as condições de sustento do lar, tem características próprias, que fazem com que o motorista conviva pouco tempo com a família, viajando durante longo tempo sozinho, longe de momentos e datas familiares importantes, o que o torna, muitas vezes, um profissional isolado. Nesse sentido, observa-se que para se estabelecer um padrão de qualidade de vida, é essencial o equilíbrio entre o trabalho e o lazer.
Na profissão de motorista não existe rotina diária de trabalho, não há horário previsto para refeição e descanso, ou datas previstas para estar com a família.
Apesar de todas as dificuldades que o motorista enfrenta no trabalho, é possível observar que muitos ainda encontram satisfação e se orgulham da profissão como foi o caso do nosso entrevistado que relatou gostar do que faz e o fazer além de por motivos financeiros por influência de familiares que também exercem a mesma profissão.
Masson (2010), fez uma pesquisa com 105 caminhoneiros e o grau de escolaridade da maioria dos entrevistados foi inferior a oito anos de estudo para 64,8% da amostra.  Esse resultado, vai ao encontro a um dos relatos do entrevistado relacionado a sua escolha pela profissão.
A trajetória profissional do motorista de caminhão interfere em sua saúde, pois o torna vulnerável ao uso de drogas psicoativas, a problemas posturais – caso de nosso entrevistado - e às práticas sexuais eventuais.
Segundo Botelho (2011) estes profissionais, com o ritmo intenso de trabalho a que são submetidos, devido às longas distâncias a serem percorridas, as responsabilidades de entrega e seguridade tanto da carga quanto do veículo, diante destes fatores, os caminhoneiros necessitam dormir na boléia, com alimentação conforto e segurança precária e acabam por desenvolver desgaste físico-mental, bem como, emocional-afetivo interferindo na qualidade de vida do indivíduo. Penteado (2008) reitera a existência de comprometimentos na saúde em decorrência do exercício da atividade profissional dos caminhoneiros.
Tal afirmativa, vai ao encontro da fala do entrevistado em que avalia as condições de trabalho como perigosas, trafegando em rodovias mal projetadas e mal conservadas, ressaltando ainda questão da violência. Segundo Martins e Dell’Agli (2014) no que se refere à pessoa, os entrevistados demonstraram admiração por pessoas generosas, justas e honestas; como motoristas, refletiram admiração por honestidade e respeito.O que vai ao encontro do que coletamos com o nosso entrevistado que relatou seguir a profissão por necessidade e admiração pela conduta como motoristas de caminhão de alguns familiares seus.
Quanto à indignação, mencionada também por Martins e Dell’Agli (2014)  no que tange as condições de trabalho os motoristas entrevistados demonstraram grande indignação e insatisfação, o que coincide com o relato de M. que em diversos momentos mencionou aspectos referentes as condições de trabalho bem como a Lei do Descanso que lhe geram indignação.
Outro fator que é possível relacionar são os problemas na coluna e no nervo ciático devido a profissão, durante viagens que podem durar até 10 horas ficando nítido a diminuição da qualidade de vida em função do trabalho, fato este confirmado por diversas pesquisas que vêm descrevendo os impactos negativos sobre a saúde geral destes profissionais, destacando ainda a necessidade de desenvolvimento de ações educativas de promoção a saúde em uma perspectiva mais ampla e abrangente, envolvendo profissionais e empresas contratantes, bem como lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida no próprio trabalho, com melhores condições de segurança e rodovias acessíveis para o uso dos mesmos.
Em relação a afirmativa do entrevistado no que refere-se a nova lei, Waltrich (2014) aponta que a inexistência de políticas públicas que garantam eficiência traduz o descompasso dos poderes legislativo e executivo em nosso país.
Dessa forma, torna-se necessária a conscientização da sociedade e do poder público, para que sua atuação ocorra de maneira eficaz, de forma que sejam efetivadas as políticas públicas tributárias necessárias à implementação dos institutos facilitadores, para que mais uma vez não sejam esquecidos, sem que ninguém seja punido, nem o motorista pelo descumprimento justificado, nem o Estado, por ser negligente em sua tarefa de manter condições suficientes e eficazes para estes profissionais. (Waltrich, 2014)

E aí, vocês gostaram? Porque nós ADORAMOS essa experiência, que nos possibilitou compreender um pouco sobre uma profissão tão necessária para o dia a dia de todos! Agradecemos ao nosso entrevistado pela disposição e por compartilhar sua prática profissional!




REFERÊNCIAS
v  BOTELHO, Lúcio José; DIESEL, Lilian Elizabeth; FREIXIELA,Adamczyk, JAIRA; Maria. Profissão motorista de caminhão: uma visão (im)parcial. Saúde & Transformação Social / Health & Social Change, vol. 2, núm. 1, 2011, pp. 108-113.
v  MARTINS, Luzia Teixeira; DELL’AGLI, Betânia Alves Veiga. Valores de Motoristas de Caminhão: o que lhes causa Admiração Indignação? In. Psicologia, Ciência E Profissão, 34(4), 894-915,2014.
v  MASSON; Monteiro. Estilo de vida, aspectos de saúde e trabalho de motoristas de caminhão. Campinas: Universidade Estadual de Campinas.SP, 2010
v  PENTEADO, Regina Zanella et al. Trabalho e saúde em motoristas de caminhão no interior de São Paulo . Saúde e Sociedade, [S.l.], v. 17, n. 4, p. 35-45 , dez. 2008.

v  WALTRICH, Dhieimy Quelem. A necessidade de implementação de políticas públicas tributárias que garantam efetividade a Lei n. 12.619, de 30 de abril de 2012, que regulamenta a profissão do motorista. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE DEMANDAS SOCIAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA, 11; MOSTRA DE TRABALHOS JURÍDICOS CIENTÍFICOS, 7. 2014, Santa Cruz do Sul - RS. Santa Cruz do Sul: UNISC, 2014. P. 1-15.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Documentário sobre Eixo Univali




              Iniciamos nosso blog com um vídeo muito interessante que nos mostra como os caminhoneiros são afetados pela profissão, o quanto a saudade de casa lhes pesa, "Sobre Eixos" é um documentário incrível e muito explicativo, uma ótima "largada" para a nossa viagem para a realidade dos caminhoneiros!
              O objetivo deste blog é trazer para os leitores temáticas relacionadas aos determinantes sociais de saúde nas relações de trabalho dos caminhoneiros, bem como possibilitar ao leitor um maior conhecimento sobre aspectos referentes a esta profissão como: medicação, deficiências adquiridas, fatores de risco para saúde mental, repercussões no sistema familiar, fatores de proteção para saúde mental/resiliência, transtornos mentais decorrentes de atividade laboral, desemprego, legislação trabalhista, políticas de RH, educação formal e profissão, tudo isso sob a ótica da ciência que nos guia a Psicologia e seus diversos saberes.