quarta-feira, 27 de maio de 2015

A influência da baixa escolaridade e a vulnerabilidade social na vida dos caminhoneiros



O intuito do post de hoje é compartilhar com vocês uma pesquisa que realizamos -mediante revisão bibliográfica - referente aos aspectos que influenciam na vulnerabilidade social na vida dos caminhoneiros.
Os motoristas de caminhões são considerados profissionais importantes no desenvolvimento econômico, político e social para o progresso do país, visto que é um dos principais meios de locomover as riquezas produzidas no Brasil. A realização desta pesquisa proporcionou o conhecimento das questões de vulnerabilidade voltadas a estilo de vida, à sexualidade, doenças transmissíveis e drogas entre os caminhoneiros. Neste contexto têm-se como principais problemas o desconhecimento do risco a que estão submetidos em relação à não adesão de medidas de prevenção para DST /Aids; ao consumo de drogas devido ao curto prazo de entrega das mercadorias e a distância do percurso de entrega; o longo período fora de casa ocasiona solidão, aumentando o comportamento de risco.
É válido salientarmos que os dados sociodemográficos obtidos na presente pesquisa não diferiram de outros estudos. A maio­ria dos caminhoneiros pertence ao sexo masculino, são casados, possuem baixa escolaridade e conhecem os meios de prevenção para não contrair o HIV, porém o uso do preservativo durante as relações sexuais não é comum (BRASIL, apud NASCIMENTO, 2003).
A baixa escolaridade, juntamente com a grande mobilidade geográfica dos caminhoneiros, pode servir como disseminadores de doenças infecciosas, princi­palmente aquelas transmitidas sexualmente, visto que a baixa escolaridade é proporcional ao nível de conhe­cimentos sobre prevenção de DST/AIDS (TELES et al.,2008).
O presente post teve como propósito principal à identificação dos agravos de saúde e qualidade de vida mais comuns nos motoristas de caminhão – ocasionados na maioria das vezes pela baixa escolaridade e conhecimento acerca dos assuntos como as DST’s/HIV/Aids, sobre o uso de drogas, e quais os motivos que os levam a buscar relacionamentos sexuais e drogas durante as viagens de trabalho.
A partir da revisão bibliográfica da pesquisa preliminar, pode-se chegar à conclusão que além do grupo ser formado na sua maioria por homens, constituindo uma sociedade machista, eles passam muitos dias fora de seu ambiente familiar, tornando-os vulneráveis a procurarem sexo ocasional.
O envolvimento em relações sexuais no período de trabalho é constante entre esta categoria de trabalhadores. Segundo Batista e Persch (2008), os mesmos utilizam o preservativo como método de prevenção em relações ocasionais, porém fica explícito o não uso com suas parceiras fixas, que usam o “conhecer” da parceria como justificativa, no entanto usam como método anticontraceptivo. 
Por meio dessa reflexão, pode-se afirmar que há um conhecimento dos caminhoneiros sobre as infecções que os mesmos podem adquirir por meio de relacionamentos esporádicos, porém, mesmo assim, acabam se envolvendo com profissionais do sexo a fim de procurar companhia e acabar com a solidão ocasionada por longos períodos na estrada.
Dadas as exigências do mercado de trabalho, cada vez mais crescentes, aumenta-se a jornada de trabalho, favorecendo o uso de drogas psicoativas para aliviar a ansiedade e o sono, fazendo com que os motoristas consigam realizar as entregas de curto prazo, não levando em consideração os cuidados com a qualidade de vida, aumentando assim o estresse e vulnerabilidade individual, social e coletiva entre essa categoria.
Por meio das análises dos autores estudados, identifica-se a anfetamina e o álcool como principais drogas usadas entre os caminhoneiros de estrada. Acarretando danos à sua saúde, como a hipertensão e a diabetes, pois passam por privação de sono, má alimentação, sedentarismo entre outros fatores negativos inclusive a dificuldade de acesso aos centros de saúde. 
Ante o exposto, foi possível concluir que, os caminhoneiros são de extrema relevância para a sociedade em geral, portanto, faz-se necessário uma maior atenção voltada a esta classe a fim de aprimorar a qualidade de vida desses profissionais, e promover à eles um acesso mais palpável e cabível as suas condições de trabalho a formas de conhecimento acerca dos fatores que alteram a qualidade de vida e a saúde dos mesmos e dos seus familiares.
Sugere-se uma mobilização de profissionais presentes no dia a dia dos caminhoneiros, bem como psicólogos que possam atuar em prol desta profissão – em postos de gasolina com salas de atendimento multiprofissional voltados a esta classe - e contribuir para a educação em saúde, promovendo e disseminando  a compreensão das informação sobre as patologias que constantemente afetam  esta classe de trabalhadores.


  Referências:

 BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Vírais. Dados do Brasil 2010 Disponível em: <www.aids.gov.br/sites/default/files/publicacao/2010/folder_aids_2010_pdf_55624.pdf> Acesso em: 27 de maio de 2015.
BATISTA, Elizeth Souza & PERSCH, Fabiane Cristina. Caracterização sócioeconômica e cultural de caminhoneiros de estradas freqüentadores do Auto Posto Machadão em Cacoal-RO. Cacoal, RO. Trabalho de Conclusão de Curso; FACIMED, 2008, 15p.
TELES, A. S. et al. Comportamentos de risco para doenças sexualmente transmissíveis em caminhoneiros no Brasil. Rev Panam Salud Publica, v. 24, n. 1, p. 25-30, 2008.

 

 

 


 

 


 

 

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